Eu escolho ou não escolho
Vivo de escolhas e me encolho
É sempre vida ou morte minhas escolhas
Ou vou de ônibus ou vou de táxi
Ou tomo o elevador ou subo as escadas
Ou como o pão ou a torrada
De manhã até o outro amanhã
As escolhas me sufocam
Ganham vida, me perseguem obstinadas
Ou lavo os cabelos ou coloco a toca
Ou uso preto ou uso branco
Ou tomo o leite frio ou ele quente
Escolher é uma sina
E privilégio do homem
Dois enredos, duas versões
Ou o Aterro ou o túnel
Ou o sim ou o não
Ou o crédito ou o débito
Ou amasso as batatas ou as como fritas
As escolhas fazem peso sobre meus ombros
Levam minhas forças quando rejeitadas
Mal dou conta num só dia
Ou voto ou anulo
Ou desligo o celular ou o coloco para vibrar
Ou seco as lágrimas ou as deixo cair
As escolhas me sufocam
Sugam-me, me levam ao delírio
Meus dilemas diários
Ou leio ou ligo a TV
Ou dou um beijo ou viro para o lado
Ou vivo ou morro
Há sempre uma escolha.
Nathália Godoy