terça-feira, 26 de junho de 2012

Das escolhas de qualquer homem


Eu escolho ou não escolho
Vivo de escolhas e me encolho
É sempre vida ou morte minhas escolhas
Ou vou de ônibus ou vou de táxi
Ou tomo o elevador ou subo as escadas
Ou como o pão ou a torrada

De manhã até o outro amanhã
As escolhas me sufocam
Ganham vida, me perseguem obstinadas
Ou lavo os cabelos ou coloco a toca
Ou uso preto ou uso branco
Ou tomo o leite frio ou ele quente

Escolher é uma sina
E privilégio do homem
Dois enredos, duas versões
Ou o Aterro ou o túnel
Ou o sim ou o não          
Ou o crédito ou o débito
Ou amasso as batatas ou as como fritas

As escolhas fazem peso sobre meus ombros
Levam minhas forças quando rejeitadas
Mal dou conta num só dia
Ou voto ou anulo
Ou desligo o celular ou o coloco para vibrar
Ou seco as lágrimas ou as deixo cair

As escolhas me sufocam
Sugam-me, me levam ao delírio
Meus dilemas diários
Ou leio ou ligo a TV
Ou dou um beijo ou viro para o lado
Ou vivo ou morro

Há sempre uma escolha.







Nathália Godoy






segunda-feira, 18 de junho de 2012

Pingos de pasta


Os meus olhos olham
O olhar de outros olhos...

Veja como é simples atentar que não me sei!
Basta eu escovar os dentes em meu eterno desajeito
E desse jeito
Como um cão raivoso em frente ao espelho
- espumoso e impaciente -
Perceber
Que entre os respingos de pasta suspeitos
Um eu melhor escova os dentes
Perfeitos.


André Vargas

domingo, 3 de junho de 2012

No começo, tropeço


Sinto
Ou penso que sinto
O tropeço é começar a sentir
Ou afirmar que se pensa?

Começo a duvidar de mim
Sou ausência
Começo a não saber se penso demais
Nos sentidos
(E se faz diferença)

Se penso não sinto o que penso
Ou sinto o mesmo que penso,
Tanto faz...
Começo a temer a demência
E a tremida eloquência que traz

"E o que é isso agora?" - digo de mim para comigo
Ora se não sou eu (tantas vezes) outro
Influenciável, roedor de ossos roídos
Querendo saber e descobrindo que é poço - e não "posso"!

Alguns - belos novos francos velhos feios - livros
E me deixo ser um simplório dicotômico
Sentir e pensar seus/meus duelos vivos
Tão vivos, tão fracos, tão frios
Que permaneço
Cômico.


André Vargas