Nem mesmo o tanto que me guardo me pertence
Não tenho brasas, nem vícios, nem cinzas,
Pois o pombo grunhidor nunca servirá ao agouro
O que é meu desse barulho, calmo ouro?
Como o marulho que pertence a pia, a torneira
Ou o pio, de quem contorna matreira,
É da criança que, no esporro adulto, brinca,
Vira passarinho
Não tenho cara, nem moeda para jogar ao alto
Não tenho caverna e essa luz me cega
Não há razão para tanto tanto tanto solto
Se eu nem sei o que de mim está na cela
Vira passarinho
Não tenho cara, nem moeda para jogar ao alto
Não tenho caverna e essa luz me cega
Não há razão para tanto tanto tanto solto
Se eu nem sei o que de mim está na cela
Eu não sou medo, angustia, tristeza...
Pois reconhecemos logo suas faces
Não sou felicidade, bravura, sonho...
Pois abraçamos somente o cheiro dessas flores
Sou a charada insolucionável do sorriso
Pois abraçamos somente o cheiro dessas flores
Sou a charada insolucionável do sorriso
Que passa fugazmente na certeza dos bossais.
André Vargas