sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Gargalhada

Quantos novos sabiás
Quantas velhas donas da casa
Aprumar e arrumar
Quanto "eu" dentro da casca.

Quantas palavras pode-se usar?
Quantas caras fingem saber
Quantificado Quantificar
Quantos homens ouvem dizer.


André Vargas
(Intervalo da aula de metafísica)

sábado, 24 de novembro de 2012

Dá para ver


Dá para ver meu branco
Dos olhos
Claros
Cigarros
Apagados

Da para ver que tampo
A cara
A cara
Para não ver
Que o tempo
Para

Dá para ver meu negro
Na pele
No peito
Na alma
Na chaga
Na paga
Na pisa

Dá para ver você
Eu
Eles
Todos
“Plurificados”
Purificando o sangue
Às avessas
Porém do modo certo

Dá para ver certa vermelhidão
No jeito
Que aceito
Que acato
Que, de fato
Mereço
Tentar
Se sujeito
A falar
Que sou grato

Dá para ver que o mundo
Está nisto e naquilo
Misto e quente
No outro da gente
E a gente se nega
A ver
Que é nêgo também
Que é branco qui nem
Que é vermelho tapuia...

Estamos, ainda, na fase dos recalques
De nossas fraturas.

André Vargas