terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Pena nascer árvore


Pena nascer árvore...

Raízes presas ao chão,
galhos e folhas erguidos aos céus,
onde o vento os beija quando passa
e os levam junto
flutuando e passeando pelo ar
e pelo campo.
Até se perderem entre outros espaços,
à passos longos,
perdidos,
e não mais achados
de onde saíram.

Pena nascer como árvore...

Com pés presos ao chão,
cabeça alta como os galhos,
subindo em ideias.
E o tronco, sua mediação.
O tronco é o centro,
equilibrando todo movimento.
Os braços aos céus se erguem,
ovalados como as copas,
captam energia que circule,
traga e faça significado
no todo.

Pena nascer árvore...

Nascer num lugar
e ali permanecer.
Ver o começo
o meio
e o fim ao redor se estender.
E o começo de novo.
A finitude das vidas.
Sem poder se envolver
até quando chegar o seu fim.

Pena nascer como árvore...

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Ao meu galego


Seus olhos são da cor do mar.
E os meus, da cor das folhas.

Seus cabelos brilham como os raios de sol.
E os meus, são como as cores das raízes e galhos
das árvores.

Sua pele é da cor da areia.
E a minha, da cor da madeira.

Você é água.
E eu sou terra.

Você prefere a praia.
E eu, prefiro a floresta.

Queria entender,
o que entre
diversos tipos de homem,
eu fui olhar para você.

O que foi que achei...

No seu sorriso breve,
no seu olhar miúdo,
seu porte retraído,
e em seu jeito puro.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Vida


Comovido
Ouvindo
O vento vindo
De longe
Chiando na folha cansada

Eu sentado
Tudo estando nada
Estalando as juntas
Dos dedos que apontam

A folha cai
Viva como a sensação de cair
Morta como uma dama na valsa
Conduzida pela mão
Seduzida pelo chão

E eu chamava de verdade o que eu vivo. 


André Vargas

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Plano


Meu plano é
Plantar um pé
De fruta pão

Meu plano b
É plantar-te
Uma explosão

De filhos
De filmes
De estantes
De livros
De fotos
De discos
Dizer...

Que eu era quem era que erra que urra que ira que erro que rei na barriga que briga que fim

Meu plano
É enganar como engano
E dizer sempre sim


Meu plano é
Planta do pé
Furando o piso

Meu plano b
Permanecer
Sendo preciso

Dizer
Dos discos
Das fotos
Dos livros
Estantes
Distantes
Instantes
que nunca filmei

Meu plano
É planar sobre o plano
De errar
Outra vez.


André Vargas