sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Gargalhada
Quantas velhas donas da casa
Aprumar e arrumar
Quanto "eu" dentro da casca.
Quantas palavras pode-se usar?
Quantas caras fingem saber
Quantificado Quantificar
Quantos homens ouvem dizer.
André Vargas
(Intervalo da aula de metafísica)
sábado, 24 de novembro de 2012
Dá para ver
terça-feira, 13 de novembro de 2012
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
O inferno são os outros
É difícil perceber que não amo a humanidade
Que prefiro a umidade relativa do ar
A relativizar os homens e seus detalhes
Decepção constante, é o que somos
Mutuamente, reciprocamente
Pois se não podemos nos concertar
Não conseguimos nos conformar
E não somos moldes divinamente perfeitos
À semelhança de um deus
O que nos resta é a aversão constante
- Embora escamoteada em ideologias do próprio, em birrinhas de sóbrios, em diferenças inesgotáveis -
Por sermos quem nós somos,
Da maneira que não sabemos que somos
E, a partir disto,
Acharmos que os outros não são o céu que sonhamos
E que supomos conhecer.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Farfalhar de asas
Vira passarinho
Não tenho cara, nem moeda para jogar ao alto
Não tenho caverna e essa luz me cega
Não há razão para tanto tanto tanto solto
Se eu nem sei o que de mim está na cela
Pois abraçamos somente o cheiro dessas flores
Sou a charada insolucionável do sorriso
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Adolescente
(Vladimir Maiakovski)
domingo, 29 de julho de 2012
O Último Poema
segunda-feira, 2 de julho de 2012
Nadificada premissa
Sou, sim, o cão que guarda o purgatório
Zanzando, rosnando, às vezes, tragando
Um grande gole de saliva
Às vezes, abanando o rabo para espantar
Qualquer que seja a companhia
Mas sempre, sempre andando
Cagando e andando
O cão-carniça.
André Vargas
Simbólico
Quanto se paga ao vento por soprar?
Pão de centeio no tempo fatiado
Dívida eterna
Paga no eternizar.
André Vargas
Sem que eu soubesse que existia
As botas que vão bater
terça-feira, 26 de junho de 2012
Das escolhas de qualquer homem
De manhã até o outro amanhã
Nathália Godoy
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Pingos de pasta
Que entre os respingos de pasta suspeitos
Perfeitos.
André Vargas
domingo, 17 de junho de 2012
domingo, 3 de junho de 2012
No começo, tropeço
(E se faz diferença)
Que permaneço
Cômico.
André Vargas
sexta-feira, 27 de abril de 2012
É só isso e nada mais
domingo, 22 de abril de 2012
Do que vai adiantar?
a cabeça marcará o travesseiro
e os olhos fechados não esquecerão
os conflitos diários de nossas manhãs.
O entrave nulo.
O sozinho.
Paralítico romance,
imundo.
O que era calorido,
o que foi acizentando,
se tornando preto e branco.
Na metáfora da vida,
lábios e garganta contraída
não suportarão mais,
o atraso que me faz
permanecer assim.
Nessa
e com essa aparência.
O que já não significa,
muito mais.
terça-feira, 6 de março de 2012
Soneto de realidade
Descambo, sambo
Desconheço o mambo
O samba é um tropeço
Do descomeço humano.
Pisando, pisoteando
Pivete roubando flores
Correndo e correndo horrores
Candango índie, underground.
Descasco o descaso da avenida
Descubro das rubras cortinas
Os olhos atlantes do guri.
Fracasso dos homens de boa vida
Dissolvi minh'alma ferina
No exato instante em que nasci.
André Vargas
segunda-feira, 5 de março de 2012
Rimas matinais
sábado, 3 de março de 2012
Maracatu 1!
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
CRÔNICA DE VERÃO
leve junto o pôr do sol
o suor das noites de ar quente,
o cheiro do bafo barato
o sol que arde a pele morena leva embora o seu suwingado
Arrasta teu bloco de carnaval,
assopra as cinzas de quarta
tira a serpentina do seu olhar,
a máscara que te escondia
Acabe a folia!
Passe os beijos nas bocas estranhas,
passe óleo e areia nos peitos durinhos, barrigas tanquinho e bundas douradas
chuva lava o verão, me traz depressa outra estação.
( Lorena Brites )
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
O motivo
O desumano
O úmido
O abandono do estômago
O mago imaginário cômico
O topo altaneiro cônico
O jônico
O sônico, o profundo sono
O completamente nulo
O chulo cósmico
O chulé módico
A ralé tântrica
O ruir sânscrito
O linguajar de guache
A tinta, a mancha
Tentar, sempre tentar
O tento, o teto, o “tutti”.
A língua é soberana
Lambe o selo
Trança as almas
Água a boca
E baba a cama.
Parindo o pensamento
Envolto em sua placenta de signos e sentidos.
Desconexo do umbigo
Léxico perigo.
A língua é soberana
E a linguagem é o motivo.
André Vargas
Próximo
certeiro
sua cintura de mulher mais velha?
perguntou a ela, que foi sutil:
nem choro,
nem vela
n.n.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Era carnaval
Um chapéu coco
Eu queria ser cocada
E uma bengala
Para me apoiar no nada
Eu era Chaplin
Eu era qualquer piada
Era carnaval
Não era à vera
Era à risada.
Não era samba, era uma bagunça animada
Como a mistura no meu copo cabe a mim
Que era quente o que se pretendia gelada
Era carnaval
E eu só conheço assim.
Era suor de calçada, não era purpurina
Não era lança perfume, era cheiro de urina
Eu não era o infeliz a reclamar logo cedo
Era carnaval
E eu era o bêbado.
André Vargas
domingo, 15 de janeiro de 2012
Refrão
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Pensamento cotidiano nº1
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Passione
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Poesia
Quando ela chega
De repente esparramo pelo chão
(Como as batatinhas quando nascem...)
Minhas bobeiras
Andando com as mãos indicando o Norte
Fazendo sombras de mãos inteiras
Nas flores da morte, nos trevos da sorte.
Quando ela chega
Não há tempo
E sempre há tempo
Mais atento
Tento menos
Invento mais do que condeno
Sempre há tempo, coelho chato
Tarde é só um momento.
Quando ela chega:
Sobrancelhas ríspidas
Despidas de calma
Despedem das seivas
Das próprias feridas
Batendo palmas
Eu fico sóbrio.
Quando ela chega
Toca uma música
Acho que é Piaf
Ou só um piano
Ou um pio de anum
Anunciando
Ou um trompete na surdina
Ensurdecendo
Ou um assovio na esquina
Ou radio a pilha
Radiante.
Mas é quando ela vai que tudo faz sentido
Sinto a dor dos calafrios
Sinto a febre dos comprimidos
Sinto os nervos dos arrepios
Sinto a melancolia dos sorrisos
Sinto o corpo adormecido
Quando ela vai...
Eu sobrevivo!
André Vargas
Crer-se
Lilás
Como a tarde sempre é
Aliás
Como tudo é tão tardio
Adio
As questões estão nos olhos
Ardidos
Corda bamba, meio fio
Confio
Que não caio, que não perco
Fio
De cabelo no sorriso
Isso
É melhor do que molhar
Isso
Naquilo que água tudo.
André Vargas