sábado, 24 de novembro de 2012

Dá para ver


Dá para ver meu branco
Dos olhos
Claros
Cigarros
Apagados

Da para ver que tampo
A cara
A cara
Para não ver
Que o tempo
Para

Dá para ver meu negro
Na pele
No peito
Na alma
Na chaga
Na paga
Na pisa

Dá para ver você
Eu
Eles
Todos
“Plurificados”
Purificando o sangue
Às avessas
Porém do modo certo

Dá para ver certa vermelhidão
No jeito
Que aceito
Que acato
Que, de fato
Mereço
Tentar
Se sujeito
A falar
Que sou grato

Dá para ver que o mundo
Está nisto e naquilo
Misto e quente
No outro da gente
E a gente se nega
A ver
Que é nêgo também
Que é branco qui nem
Que é vermelho tapuia...

Estamos, ainda, na fase dos recalques
De nossas fraturas.

André Vargas

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