quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Sim-crônico
- Politeísmo do Não -
Negando em qualquer idioma.
Deuses fajutos dos rebeldes
Do idiotizado axioma
Do habitual “pedir perdão”
Nosso chiclete de goma.
Devo e vou ouvir seus olhos
Habitando meus tornozelos
Lambiscado de outras orelhas
Devo e vou retê-los...
...Um dia
Sincronia sutil
Da sônica soneca do vento
Enquanto sozinho, o frio
Sozinho é o meu pensamento.
André Vargas
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Questões de prova
de quantas maneiras se pode amar?
aponte o prazo para um coração aprovar.
seu amor não é brinquedo?
amor com pena e reclusão
é medo?
quem me ensinou a policiar;
abrir o olho, fechar a boca e esperar,
pois Início
é dever do lado de lá?
ana devora palmitos
ana devora seu namorado
o pedro
certo dia, devorando palmitos
disse a pedro:
dependendo do emissor,
eu te amo pode ser bom dia
nem terminada a frase
e pedro caía.
encontre o erro.
assinale:
sagrado amor, amar-é-miar
novela das 18
e/ou
querido amor é o ansiado
íntegro, segundo biscoito!
e quando amar
é encher? disserte.
e quando amar é mexer... compare!
com base em Vatapá (CAYMMI, 1957), meditar:
nega baiana, venha nos ensinar
agora ligue todos os pontos
agora valendo todos os pontos
cite o descobridor
da fórmula
do falso e do verdadeiro
do limite
e onde ele está
entre cada sentimento que faz gostar
Nenheu neves
domingo, 27 de novembro de 2011
The River
River
Tell me some truth
Why can't you
Stop deceiving me?
Is it so hard to give up
Of that pleasure? Tell me, where is she
River
Is it possible to reborn?
At least to indoor
Of a world without her?
Are you trying to show me
That I shouldn't care? Tell me, where is she
At this time? Tell me
Where is she now? And if
She will come back to me
Eighteen degrees below
The sky and I still
Can't see beyond
Baba imperial
a par, à mercê do tempo
arrastando as palmas nos muros,
um trago eu recomendo;
a sós
de ideias canhotas
de costas pro monumento
meus olhos são gaivotas
Nenheu neves
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Do outro lado da calçada
Sobrado em cima de sobrado
Léxico do picolé
Não se pode perguntar!
Ninguém te deixa deixar o chá
A congelar num palito em pé
Mas a pergunta arguta estapeia
A face de cristal, nessa peleia.
- Como é?
O “como é?” estraga a capa artística
Belisca o braço de quem devaneia e vai
Achando que o não-pensar é mais
Do que o não-ser não é
Pré-socraticamente estiloso
E felizmente mente
Posto que tudo isso, por mais belo,
ainda é mimeses Platônica.
- Não!
Não é o efêmero e o inexplicável “senão”
O poema não é sandeu, nem barato como a loucura
Poema é esforço real da carne dura
Não é espirito
O poema é criatura.
André Vargas
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Deixa sangrar II
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Ruído
Na altura da dor e do latido
Escondia sua pele
E era nutrido
Por serpentes
Carentes de ouvir.
E do porvir
Provinham suas mais duras risadas
Menelau
Guardava no que viria
A caminhada
E vivia no escondido
Do sumir.
André Vargas
sábado, 19 de novembro de 2011
À Nenheu
Borboleta tu
Borboleto eu
Onde é teu casulo?
Onde voo meu?
Onde é meu casulo?
Onde voo teu?
Borboleta tu
Borboleto eu.
André Vargas
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
terça-feira, 15 de novembro de 2011
A praça
As crianças passam correndo...
Folheado de queijo
Esticados
No beijo, a baba
Ele acaba comendo beijo
Folheando, vez por outra, um livro surrado
Ela acaba com o beijo no meio
Para comer outro pedaço
Folheando os beijos entrecortados.
Convida pelo assovio
A passear com os pombos, o louco
Que leva nos trapos as marcas
Dos tapas e dos tombos
E tem razão de perder a razão
O louco assovia na certeza insana do tom.
Ensebado cabelo preto
De brilhantina antiga
O velho ainda tem brilho nos olhos
E nos olhos, a fadiga
E na fadiga, a constância
E Constância já faleceu.
A velha reclama, mas senta
No banco duro da praça
Não dura nada e levanta
Reclamando da graça
Graça é o seu nome.
As crianças passam correndo...
Comendo
Assoviando
Brilhando
Reclamando
...E somem.
André Vargas
Induzindo Vertigem
Eu percebo como era
Há muito tempo atrás
Como Adão
Eu não acho isso demais
E quero ir até o fim
Induzindo vertigem
Espelhos vazando verdade pelo chão
Azul
Azul
Azul
Azul
Azul
Azul
Azul
Azul
Azul
Azul
Azul
Azul
Azul
Azul
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Lugar nenhum
Vomito o medo
Lugar Incomum
Entranhas contorcionistas
Estranhas tacanhas conquistas
Para quem não sai do lugar.
Preso em mim
Solto no texto
O medo é o meu pretexto
Para escrever o que não quero falar.
André Vargas
Lugar-comum
Quisera ser sem terra no campo imensurável do qual a lua minguante é vigia.
Quantas flores brancas, delicadas, dedicadas,
Quantas flores fui crescer no solo ingrato
Em que eu jazia...
Quieta, madrugada;
Mais amargo ainda
É regá-lo ao meio-dia.
Ao encontrar alguém desabrochando no Jardim do medo,
Use o sal da sua voz, dos olhos, do chamar – instrumentos de cultivar
Use-os, por calor.
Podar o medo
Na mata escura do juízo
Não deixar que ele avance
E vire um paraíso.
Nenheu neves
domingo, 13 de novembro de 2011
"Reféns do Medo"
As pessoas viram reféns do próprio medo.
Em várias situações e circunstâncias deixam-se levar pela imaginação.
Medo da chuva, medo do escuro, medo da morte, medo de amar, medo de ser feliz.
Existem tantos medos, e pra que tudo isso? E porque sentirmos essas sensações estranhas?
O medo domina, ironiza a mente da gente.
A imaginação acaba criando um episódio de terror, parece tão real o coração bate mais forte, as pernas tremem, o frio na barriga chega devagar e quando nos damos conta ele chegou, apavorou , dominou o Medo.
Sempre, sempre ele que ás vezes nos faz desistir de tantas coisas, nos faz perder os sentidos dos caminhos.
Quem não virou refém do medo um dia?
O medo vive constantemente na vida da gente e não tem saída do coração e nem da mente.
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Novo ato do novato
Dizer sem ouvir
Escrever sem revisar
De que serve nossa subjetividade
Senão para anular?
O outro sujeito
Suspeito
Malfeito
Intuito fortuito
De não se expressar.
Divagar demais pode ser devagar demais
Tanto, que tropeçaremos em nossa língua torta
Tanto, que bateremos a nossa cara em falsa porta
Tanto que a poesia, falecida, nasce morta.
Tantos poetas se escondem na Fantasia
Que se esquecem de rimar a vida com "bom dia!"
E de remar com os braços rijos
E de nadar na calmaria – Boiar é coisa para letargia!
Tantos poetas e nenhum desafio
Nenhuma novidade em seus olhares
Nenhuma solução em suas rimas
Nenhuma pista do que seria a sua via.
Nenhum deles... – pobre de mim! – Todos eles feitos de ventania–...Nenhum deles, quando se nega a dividir,
É poesia.
Mole pra emílio
domingo, 6 de novembro de 2011
Loboralismo
me pôs às ruas
e zanzando
malacordado
contava a solidão
nos centavos
assim, ordeno meu dia:
cólera, coleira ou poesia
as velhas na janela
com o dia a preencher
malícia desde a hora seis:
"como que isto pode?
senil aos 33!
e o demente levanta cedo
cego d`um olho
louco do outro
esse dá trabalho pra morte"
Nenheu neves
sábado, 5 de novembro de 2011
Mureta
Entreolham-se, esquadrinham-se, estudam-se...
Desacostumado
Envergonhado
Banguela.
E também mostra
A sua janela.
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Opostos
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
O xale e a bengala
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Último Pedido
Um café
Não me recordo de quando me tornei tão descritivo
Quando fiquei tão discreto? Tão prescrito?
(In)concluo.
Dia frio é o meu favorito
Para só ver e sorver assovios de janelas
Cheio de detalhes entalhados vivos
Nas poucas lembranças de ser tão externo
E na doce lembrança de não ser tão nítido
Eu resfrio as juntas do dedo
E, em segredo, junto-me ao calor do frio.
Nos dias frios o olhar negro da xícara nos encara mais efusivo
De relance, mas um relançe contínuo
Realça e lança sobre nós o próprio vício.
Há pouco de mim nas paredes da constância
Estou totalmente, pelos quadros na parede, absorvido
Perdido
Absorto em só detalhar o entorno
E pelas molduras robustas perseguido.
Entorno sobre minha roupa elegante
Um gole quente e errante de vivência
Sinto queimar a pele
Sinto a pele ardente
Sinto, no limite extremo de minha vida, a clemência
Divinamente escondida
A carpe: superfície individual, a margem da doutrina, o fio do egoísmo...
O exterior, suplantando o interno nevralgico, me convida
Ao simples decorar das coisas, dos ornamentos
Ao arrepio frívolo do não-sentimento
Pois nenhuma reflexão é tão importante quanto flexionar o sujeito, o alheio, o joelho, o cotovelo...
E me convém, agora, escrever nesse espelho
Que se forma na superfície dura do mim
Do mingau
Do café
Do mundo.
Bebo o resto, peço a conta, pago e saio mudo.
André Vargas