quarta-feira, 22 de maio de 2013

Vista


Meu olhar anda cansado
Curtido
e mal pago
Apagado de nuvens
Nublado

Meu olhar não atenta
Não tenta
Não espicha

Meu olhar cabisbaixo
Cabofriense
revista

Não cabe não vence
Olhar vigarista

O meu olhar a pender

O meu olhar a perder

de vista.


André Vargas

exame de rotina

As mulheres do primeiro andar não podem explicar como já secou a água deste arroz
ou quão rápido sumiu o arroz de seus pratos
As mulheres do primeiro andar aprenderiam qualquer método
Calçariam qualquer número
Conseguiriam qualquer recibo
O primeiro andar está cheio de média e remédios
As mulheres do primeiro andar estão alagadas
Alegóricas
Mas nenhum pote às coléricas.
Coragem no ar, porque estão engraçadas...
As mulheres do primeiro andar já perderam de vista
Apenas cintilam em sua visões periféricas pequenas provas de paraíso
Mas nenhuma sombra nas américas
E, mesmo deste tamanho, o céu não se dispõe.
Exposição permanente no primeiro andar de milhares
Exposição em permanente translação
Nas melhores do primeiro andar os braços rolam lá
Longe de seus corpos, quilômetros depois de seus umbigos para serviços diversos
Do primeiro andar o ronco dessa fome histórica
Por fim
Cem mitos lucrativos


NN