A memória
demora
pois mora
nas horas
do engarrafamento
Quebrantada
desconexa
mora em Joyce
mais do que assumo
A memória
me olha
A memória
me mostra
o não-rumo.
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Gotas de sangue
Uma caneca de vinho barato
Promoção de mercado
Jayme começou a chorar
Goles e goles de vômito roxo
Tirados da geladeira
Como não se deve fazer
Lembrar
Caneca vermelha
Sangrando frutado
Jayme com o gato no colo
Olhando o espelho cuspir
Ronrona o bichano
E o dono
Um sono
Que chega e não larga
Um dia e uma noite em Praga
Jayme não sabe mentir
O chocolate suíço nos lábios
O relógio parado no pulso
A convulsão dos soluços
A solução de viver
Morto
Parado
Estanque
Forçado a esquecer o que antes
Com toda a força quis ser.
André Vargas
André Vargas
sábado, 17 de agosto de 2013
Coisidade
Apetrecho
Treco de apertar treco
Coisa que esqueço o nome
Mas o uso
Para inventar um só para mim.
Sopra mim
Negócio de fazer vento
Troço sem movimento
Enfim, seu sentido é fim.
Treco de apertar treco
Coisa que esqueço o nome
Mas o uso
Para inventar um só para mim.
Sopra mim
Negócio de fazer vento
Troço sem movimento
Enfim, seu sentido é fim.
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Seco
Seda rasgada
A pele russa do cotovelo
Rachada, seca, boca
A boca novelo
Esporão doído, sarnento
Puro segmento da vida
Escorrem pus de velhas feridas
Chagas chacais
Sincope lida
Comprimidos astrais
Sonambulas bulas rotas
Rituais e arrotos da noite
E dançam doidos sapos zuretas
Cantando grilos nas grelhas chamuscadas
Queimando os pés nas brasas dos cenhos
Senhores sapos donos do coacho
E seus maledicentes risos pausados
Acumulado
Mulato peito aberto amolado
Da faca, um corte, feito espada
Adaga feito faca de pão
Um empurrão
E caio feito caco de vidro
Gargalo aberto
Livro esquecido
Acostumado
Feito um leão
Sem dentes, sem presas
Creme de carne
Chicote, circo, homem
Sofrível
Indistinguível na multidão.
André Vargas
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