quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Era carnaval

Um chapéu coco

Eu queria ser cocada

E uma bengala

Para me apoiar no nada

Eu era Chaplin

Eu era qualquer piada

Era carnaval

Não era à vera

Era à risada.


Não era samba, era uma bagunça animada

Como a mistura no meu copo cabe a mim

Que era quente o que se pretendia gelada

Era carnaval

E eu só conheço assim.


Era suor de calçada, não era purpurina

Não era lança perfume, era cheiro de urina

Eu não era o infeliz a reclamar logo cedo

Era carnaval

E eu era o bêbado.



André Vargas

domingo, 15 de janeiro de 2012

Refrão

Eu vi nos olhos da nêga
Que o samba tem um fim também
Mas é que quando ele chega
Ele me mostra o que os olhos da nêga tem


Caio Vargas

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Pensamento cotidiano nº1

Espreguice o que for nos ventos
Tem os que te trazem assuntos
E algum deles me disse
Que se no vento a idéia vem junto
Vem junto da idéia a canção
Tem os que levantam defunto
E outros que o fazem mais frio
Epopéia de vento é tufão
E poema assoprado assobio



Caio Vargas

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Passione

Uma noite
Um desejo
Um brinde e uma pulga atrás da orelha pra tudo que vejo

É quando vermelha
Nas curvas dos seus desenhos
E nas retas dos azulejos

Sei de nós
Do depois
Do que tenho
De algo que faz sentido só pra nós dois.



Caio Vargas

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Poesia

Quando ela chega

De repente esparramo pelo chão

(Como as batatinhas quando nascem...)

Minhas bobeiras

Andando com as mãos indicando o Norte

Fazendo sombras de mãos inteiras

Nas flores da morte, nos trevos da sorte.


Quando ela chega

Não há tempo

E sempre há tempo

Mais atento

Tento menos

Invento mais do que condeno

Sempre há tempo, coelho chato

Tarde é só um momento.


Quando ela chega:

Sobrancelhas ríspidas

Despidas de calma

Despedem das seivas

Das próprias feridas

Batendo palmas

Eu fico sóbrio.


Quando ela chega

Toca uma música

Acho que é Piaf

Ou só um piano

Ou um pio de anum

Anunciando

Ou um trompete na surdina

Ensurdecendo

Ou um assovio na esquina

Ou radio a pilha

Radiante.


Mas é quando ela vai que tudo faz sentido

Sinto a dor dos calafrios

Sinto a febre dos comprimidos

Sinto os nervos dos arrepios

Sinto a melancolia dos sorrisos

Sinto o corpo adormecido


Quando ela vai...


Eu sobrevivo!




André Vargas

Crer-se

Lilás

Como a tarde sempre é

Aliás

Como tudo é tão tardio

Adio

As questões estão nos olhos

Ardidos

Corda bamba, meio fio

Confio

Que não caio, que não perco

Fio

De cabelo no sorriso

Isso

É melhor do que molhar

Isso

Naquilo que água tudo.




André Vargas