quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Poesia

Quando ela chega

De repente esparramo pelo chão

(Como as batatinhas quando nascem...)

Minhas bobeiras

Andando com as mãos indicando o Norte

Fazendo sombras de mãos inteiras

Nas flores da morte, nos trevos da sorte.


Quando ela chega

Não há tempo

E sempre há tempo

Mais atento

Tento menos

Invento mais do que condeno

Sempre há tempo, coelho chato

Tarde é só um momento.


Quando ela chega:

Sobrancelhas ríspidas

Despidas de calma

Despedem das seivas

Das próprias feridas

Batendo palmas

Eu fico sóbrio.


Quando ela chega

Toca uma música

Acho que é Piaf

Ou só um piano

Ou um pio de anum

Anunciando

Ou um trompete na surdina

Ensurdecendo

Ou um assovio na esquina

Ou radio a pilha

Radiante.


Mas é quando ela vai que tudo faz sentido

Sinto a dor dos calafrios

Sinto a febre dos comprimidos

Sinto os nervos dos arrepios

Sinto a melancolia dos sorrisos

Sinto o corpo adormecido


Quando ela vai...


Eu sobrevivo!




André Vargas

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