domingo, 3 de junho de 2012

No começo, tropeço


Sinto
Ou penso que sinto
O tropeço é começar a sentir
Ou afirmar que se pensa?

Começo a duvidar de mim
Sou ausência
Começo a não saber se penso demais
Nos sentidos
(E se faz diferença)

Se penso não sinto o que penso
Ou sinto o mesmo que penso,
Tanto faz...
Começo a temer a demência
E a tremida eloquência que traz

"E o que é isso agora?" - digo de mim para comigo
Ora se não sou eu (tantas vezes) outro
Influenciável, roedor de ossos roídos
Querendo saber e descobrindo que é poço - e não "posso"!

Alguns - belos novos francos velhos feios - livros
E me deixo ser um simplório dicotômico
Sentir e pensar seus/meus duelos vivos
Tão vivos, tão fracos, tão frios
Que permaneço
Cômico.


André Vargas

4 comentários:

  1. Este diálogo é uma auto análise constante.

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  2. engraçado isso... que ontem mesmo tava lendo uma pesquisa que investiga o trauma/choque (e/os tropeços) como oportunidade de criação. 'se o trauma muitas vezes aniquila, tb é capaz de provocar nossa capacidade inventiva'

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  3. Nossa André, descreveu o que eu sinto ou acho que sinto que sou constantemente. (Inspirador)

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