O amor, chegou tão cedo ao meu coração,
que a boneca nem teve tempo de ser usada.
Meu brinquedo era o lápis, parceiro fiel que não me abandonava.
E não fora muito tempo, para trupe aumentar.
Bastasse um motivo meu para desaguar,
que surgia o papel e a borracha
para o grupo aumentar.
Éramos quase que os três mosqueteiros e d'artanhan.
Desbravando por meio a floresta ou linhas,
até o amanhã.
Até que dessas escritas,
conheci algo que nao sabia que existia.
A forma pela qual eu escrevia,
os adultos chamavam de poesia.
E foi tão belo saber que eu poetisava o que doía!
o que era escuro
um pouco frio e oculto
o que a ninguém cabia, só a mim.
Me senti uma artista!
E fui escrevendo desde então.
Tudo que me preenchia.
Desde sonhos, desde dores
desde desejos e aqueles amores.
Para uma criança que enjoa da boneca,
privilégio foi cedo descobrir
que podia brincar de ser poeta.
E fazer dessa brincadeira
uma secreta libertação.
Queria que soubessem
que poetisar o mundo
fez com que eu me entendesse
com o amor.
Derrubei os muros que criei em mim
e até fiz o mudo falar com vigor!
Mas é claro que a poesia
não curava o que ainda me doía.
Meus queridos papel e lápis
só traduziam o que eu sentia.
E chegando a esse ponto eu percebia.
que eu acabava de ganhar uma melhor amiga.
Para cada momento que eu vivia,
sendo de dor ou alegria,.
vinha a poesia como companhia
E foi assim que a querida poesia surgiu em mim.
Numa distração qualquer de menina,
o que na alma aluzia,
sem que eu soubesse que existia.
O completo é lindo e isso, desde já, basta! Mas se me permite, como me pediste, um crítca mais profunda...
ResponderExcluirSeu poema tem duas etapas: a primeira, que é da ação à descoberta do verbo "poemar", é mais linear e previsível, com certa repetição de rimas e ligeiro encaixe intencional, o que nos dá a impressão de que não se chegará a lugar algum, mas a segunda (e, para mim, alí começa a sua poesia), da singela frase de descobrimento da poiesis da dor: "E foi tão belo saber que eu poetisava o que doía!" em diante, você discorre bailando ao compaço dos corações leitores, que, por sua vez, se deleitam com a valsa da métrica e com a sutileza da imagem poetica que se insurge de suas organizadas palavras.
Acho, então, ao fim de tudo, que essa quebra de valor entre uma passagem e outra da poesia a torna ainda melhor, pois o poema rompe com as primeiras expectativas e brinca de amarelinha, sem errar, até o céu.