sábado, 8 de outubro de 2011

Antônia

Te olhando assim, nem dava para descobrir.

O que havia por trás das suas risadas, sua voz mansa e seus sutis gestos com as mãos. Queria saber por que você me escondeu isso tudo.

Quando me veio a notícia, me senti o maior culpado de vê-la doente. Aquele seu estado que me arrepiava, nem suporto lembrar de ver seus ossos protuberantes por passar semanas sem se alimentar direito. Me dava frio no estômago, e eu me perguntava: "- O que eu deixei passar?". Você me parecia tão bem. Todos os dias em que nos víamos eu lembrava sempre de olhar em seus olhos antes de me despedir. E a princípio, o que era verdade para mim e estava claro, você era feliz. Por mais úmidos que ficassem os seus olhos em certos momentos nossos, juntos, eu voltava pra casa com a certeza de que os veria brilhar novamente. Pode ser que eu não tenha lhe dado a devida atenção, de não ter olhado como realmente deveria, um admirar leviano de apaixonado. Talvez esse tenha sido o meu maior erro. Não perceber, cegar meus olhos e não enxergar os seus, quando a todo o momento você me dizia não estar bem. Eu sei que você foi sincera a todo custo, mas eu não me dei conta, foi tarde. E sentado ali naquela cadeira eu te esperei, por semanas se recuperar e voltar a me abraçar como se acolhesse num ninho. Mas você não voltou.

E foi a primeira vez que estive com você a todo momento.



Lívia Frias

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