Achei uma nota de cem na rua. Esperei para ver se o dono vinha. Não veio. É minha! Andei mais uns oito passos e comprei um maço de importado. Nicotina de qualidade, não vende no posto Ipiranga. Larguei daquela mocréia e paguei uma mais cara, e a cara era perfeita. Parecia artista da Globo! E era uma danada. Sabia o que fazia e fazia com gosto. Mas um galo, com essa dona, fugiu do meu achado. Guardei o outro galo no bolso. Estou magnata e tudo é breve. Mas mantenho um sorriso leve. E um olhar retardado no rosto. A chuva parou e o sol apareceu. Quem sabe? Fui à praia! Nem gosto, mas fui... Com meus óculos escuros de ver bundas sem virar o pescoço. Elas não percebem, mas sentem... Sei que sentem. Eu como com os olhos e sou olho grande! Ganhei cerveja de graça da dona da barraca e o Mate Leão estava três por cinco. A água do mar estava morna e cristalina, nem precisava urinar. O mijo era luxo excedente. A vida estava um brinco e eu queria era brincar. Meu bronze ficou no tom. Voltei para casa e o almoço estava pronto e quente. Cheirava a delícia e acompanhava uma aguardente. O banho era quente e a cama era só minha. Beleza de nota de cem que alguém ficou sem! Que culpa eu tinha? Se eu um dia achar um conto no chão aí é que fico bamba. Viro empresário. E paro de escrever. Afinal, um conto já estaria pronto e na manga.
André Vargas
Nenhum comentário:
Postar um comentário